quarta-feira, 7 de abril de 2010

A fragilidade humana

Uma das coisas que mais me comovem, sem par, é o sofrimento do ser injustiçado. Não que seja justo sofrer, mesmo que para alguns certas dores tenham ar de castigo. Tenho dó do ser que, sem ter a chance de se defender, sofre. Daquele que pelo sexo, cor, classe ou qualquer outro critério de discriminação carrega nos ombros o peso de ser frágil.
Dói-me, por exemplo, ver mulher sendo agredida, criança estuprada, pobre sendo cuspido, ou qualquer outro ser sendo rechaçado. Por nenhum motivo, por sentimento torpe, por causa vã.
Não é raiva, não é desprezo, não é inconformismo que eu sinto. É dor.
Eu choro com pouco, bem pouco. Choro por eu mesma ser vulnerável, às vezes. Já verti lágrimas por me deparar com a fraqueza do ser humano, por prever a tragédia anunciada e, mesmo assim, encontrarmo-nos, todos nós, com as mãos atadas.
Dói-me, sobretudo, a violência gratuita. A violência enraizada no medo da vida que se expressa em doses de exaltação, de ira contra os demais, contra aqueles que não lhe fizeram nada, mas por serem mais frágeis, são alvo de um incontrolável desejo de poder.
Quem muito mal faz ao outro, vai saber, bebeu da mesma água amarga. Ou nunca foi pego no colo.

Lígia

6 comentários:

BelaCavalcanti disse...

"Encontrarmo-nos, todos nós, com as mãos atadas" - engano seu. Pensar assim é fácil. Como é facil pensar que quem nao teve colo, colo nao dara. Esse é um pensamento tacanho, burro. A vida pode ser bela, exatamente por que aquele que nao recebeu colo, transforma-se na que mais oferece. Mas tudo isso é bobagem e paradigmas que deveriam ser quebrados. Moral da historia: Maos atadas, NAO. Isso é desculpa.

Mulheres de Atenas disse...

Ok, beijos

Mulheres de Atenas disse...

O problema é que tá tudo tão amarrado, enraizado, truncado, que a gente se sente de mãos atadas, sim, na maioria da vezes. Agora, o sentir não quer dizer que isso corresponde ao real. A gente se um monte de coisas, e às vezes só quer desabafar. Te entendo, Ligia.

Bj.

Lola.

Mulheres de Atenas disse...

"A gente sente* um monte de coisas..."

Carolina Filipaki disse...

Acho difícil que alguém que nunca recebeu afeto saiba dá-lo. Talvez até saiba, mas em situações extremas a experiência vivida pode falar mais alto e então surge a violência que nasceu da violência...
Eu também não preciso de muito para chorar. Deve ser mal das atenienses!

Daniel Savio disse...

Profundo, mas você está apenas usando algo que o pessoal esqueceu, a empatia...

Penso que seja na época da enchentes do Rio de Janeiro.

Fique com Deus, menina Lígia.
Um abraço.