quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

It´s over again

Não poderia culpá-lo por ignorar uma história que ocorrera apenas nos devaneios dela mesma. Isto era o que tentava assimilar mentalmente. Era meia noite e levantou da cama num sobressalto. Assustada foi até o banheiro e encharcou o rosto com a água que corria torneira abaixo. Junto com a água, tentava mandar embora aquela safada angústia que atrapalhava seu sono e comprimia seu estômago.
Era difícil entender que aquilo tinha acabado novamente sem nem sequer ter iniciado. Se acreditasse, poderia dizer que era como uma maldição sádica de cada começo de ano. Dezembro terminava com expectativas, janeiro prometia boas risadas e fevereiro voltava, com uma marcha de carnaval sarcasticamente lúgubre.
Tentava não sentir raiva, porque entendia que a vida não era uma linha reta, pelo contrário, era, sim, cheia de curvas que iam e voltavam, com coisas novas e velhas, com saudades, tormentos, novidades, mudanças, pedaços de alegrias e outros de tristezas. Isto tudo ela entendia, o que ficava difícil engolir eram as palavras falsas, dissimuladas, o que ele omitia, achando ser a melhor saída. Nada mal para um egoísta, mas era o caso?
Não sabia. Não sabia responder essa pergunta e nem as outras mais. Fevereiro voltava e trazia outro soco no estômago, talvez aí se explicasse a compressão da angústia. Ela realmente se perdia em busca de respostas, mas agora era certo, haveria de deixá-las para trás. Ele teve sua chance; ela cortou o peito e mostrou o coração; ele fingiu não ver; as escolhas, afinal.
Apenas uma coisa lhe era certa, não era mais uma história que não se acabara. Agora era verdade, não teria receio em dizer “it´s over again”, em outra língua, para que as palavras não pudessem abrir um corte muito profundo. Ele escolheu. A escolha valeu pelos dois. Não valeria mais a desculpa do devir. Não teriam o final escrito igual à epígrafe daquele livro que tanto gostava: “Esta é a história de uma mulher e de um homem que se amaram plenamente, salvando-se assim de uma existência vulgar”. Não! Isto, definitivamente, não estaria escrito na história dos dois.

Lola.

4 comentários:

Mulheres de Atenas disse...

It's over again. É engraçado, sempre tive isso de falar noutra língua que não seja a minha língua mãe para tornar as coisas mais leves. Sempre falo palavrões em inglês, pois eles não soam tão profundos...
Sobre este amor que a tem inspirado, sinto muito que não tenha acontecido como você sonhou.
É triste pensar sobre isso, mas numa relação, na hora de terminar, a decisão de um realmente vale pelos dois.
Espero que em breve os textos de Lola sejam mais alegres!
Beijos,
Lily Braun
PS: O comentário acima era meu! Postei com meu nome e quase fui descoberta!

Mulheres de Atenas disse...

Nossa, quem vê ela nem quer ser descoberta. Hahaha
Eu gosto da lola triste também, pelo bem da poesia, é lógico.

Átila Goyaz disse...

ossa, sensacional esse texto!
Tá de parabéns!

bjus

Unknown disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk nada piegas e bem criatchivo.