segunda-feira, 23 de março de 2009

Orgulhosas cicatrizes

Que pena que a gente não tem tudo ao mesmo tempo. A eterna confusão entre idade e maturidade, entre saber conciliar essas coisas que geralmente não vão pelo mesmo caminho, embora devessem. Como o Ex-estrangeiro, também queria saber antes o que sei agora, e que eu soubesse hoje o que inevitavelmente saberei amanhã, assim, deixaria viver mais cada momento.

Mas esse deixar viver é antagônico ao processo de querer o que não é nosso, e em sendo nosso entender que o é por uma variável tão sensível quanto o tempo de agora e o de segundos depois de antes. A maturidade que eu assimilaria seria a de aprender que uma pessoa dificilmente será sua a vida inteira e perder o medo de perdê-la – mesmo não a tendo.

Me dói lembrar que relacionamentos acabam e que ninguém é insubstituível. Queria ser a pessoa de alguém pela vida inteira. Carrego comigo um bobo sentimento de melancolia sempre que penso em todas as mulheres que passaram pela vida do Poetinha, pelo casamento desfeito do Leminski e da Alice Ruiz, pela quase incompreensível vida da Simone de Bouvoir e do Sartre, pelas tantas mulheres que o Chico amou e retratatou em suas músicas.

Queria – hoje - saber compreender que existem amores e parar de viajar à toa - parecendo uma eterna iludida – e, sabendo disso, poder conviver melhor com o “estar” das coisas. Também queria poder me orgulhar de diversas cicatrizes. Que, pelo menos isso, a idade me traga de bom!

“Talvez a gente esteja no mundo para procurar o amor, encontrá-lo e perdê-lo, muitas e muitas vezes. Nascemos de novo a cada amor, e a cada amor que termina, abre-se uma ferida. Estou cheia de orgulhosas cicatrizes”.

Luiza.

Um comentário:

Mulheres de Atenas disse...

Quem é vc e quando vc amadureceu desse jeito para escrever algo tão doloroso e (sendo doloroso acaba se tornando) tão lindo??

Eu tb queria ser de alguém a vida inteira. E poder ter outros ao mesmo tempo. Ops, isso é mau?