segunda-feira, 9 de março de 2009

Instinto Maternal

Começou com uma conversa informal na hora do almoço. E aí surgiu a enquete. Você quer ter filhos? Sim, pensei, abruptamente. Quero. Não agora, mas quero, sempre quis. Sempre brinquei de boneca, planejei nomes, imaginei o futuro de cada bonequinho quando crescesse. Já pensei em ter seis, quatro e dois filhos. O número foi diminuindo inversamente proporcional à consciência de quanto se gasta com um bacuri. As únicas certezas que mantive foram as de que quero ter filhos em números pares e que não terei um só.

Nunca pensei em quando teria início a encomenda da minha prole. Na verdade, como toda menina parece ser o reflexo de sua mãe, imaginava que minha sina seria a mesma. Com 23 já teria o primeiro nos braços. Mas a idade chegou e essa ideia passou longe das minhas metas. Depois que eu entrei na idade reprodutiva (e sexualmente ativa), ter um filho ficou adiado para um tempo do não sei quando, um dia quem sabe, quando a estabilidade chegar (e chega?). Porque a espera de um marido transformou-se na escolha, simplesmente, por um pai. Uma produção independente não está descartada dentro dos meus planos de carregar meus lindos bebês nos braços.

Lembrei de um livro, em que a protagonista (mais ou menos da minha idade) busca desesperadamente ter um filho. Sem namorado (que não quis levar o sonho da moça adiante) ela vai até para outro país para tornar o sonho (considerado desejo bizarro de criança mimada pelas amigas) realidade. Recordei algumas passagens de quando ela se depara com crianças e grávidas. A reação era idêntica a que eu ando tendo ultimamente:

- Meu Deus, esse bebê é a coisa mais linda desse mundo!

Tá, não é para tanto. Ele pode ser bonitinho, ter cheiro bom de talco, mas tenho certeza que aquela risadinha sem motivo aparente pode ser só para te conquistar. Para despertar em você aquele instinto maternal que dormia no fundo da sua alma.

Não sei se foi a enquete, que me fez parar para pensar nisso, ou se foi a proximidade recente com grávidas, ou ainda o amadurecimento chegando, mas a vontade absurda de ser mãe voltou. E anda latente. Uma vontade tremendamente irracional, diga-se de passagem. Para ajudar, fui a um chá de bebê de uma amiga. A cada presente aberto, os "ahhhhh" "que linduuuuu", "oinnnnn" mais altos eram meus. A futura mãe, esplêndida no seu barrigão de oito meses, também ajudou para que minha vontade de ser genitora se tornasse ainda mais forte. Descobri, sorriso nos lábios, que seu filho terá o mesmo nome que eu quero que meu filho homem tenha. (Sim, eu tenho o nome certo para o menino e para a menina que um dia eu terei.)

A vontade continuava lá, linda e pujante, até que alguém no chá teve a ideia de passar uma sacola cheia com os papéis vazios dos presentes entregues. Cada convidada deveria tirar um pacote e a última seria a felizarda futura mamãe. Tive uns três tipos de calafrios. Não, não, não vem com esse pacote perto de mim.
- Vai ter que pegar sim. Só não pega quem não pode ter filhos - disse uma mulher ao meu lado.
- Mas eu não posso!
- Não, eu digo quem já tem idade, ou fez laqueadura.
- Não posso ter um filho.
- Por quê?
- Minha mãe me mata.

Eu hein!
Filhos? AGORA, melhor não tê-los!

6 comentários:

Elaine Crespo disse...

Adoro mesmo teus postes!
Sempre bem escritos e interessantes!

Eu também não queria filhos, muita responsabilidade que teria com a vida de outra pessoa! Deixei o tempo passar, vivi a vida intensamente! Quando tinha 29 anos casei e avisei ao meu marido "Não quero filhos"!
Mas com o tempo veio a vontade e minha ginecologista falou agora ou nunca, já tens 34 anos. Ai ficou difícil de engravidar e a frase mudou de " não quero" para "não posso" Chorei e chorei, então tentei tudo e tive um casal que é a razão de minha alegria!

Pense bem para decidir!(risos)

Um beijo
Elaine

CamilaRufine disse...

Aiii... minha mãe quer muito um neto. Eu disse que podia resolver o problema dela em nove meses, mas ela quer com todos os adicionais (marido-perfeito, casamento e estabilidade financeira) ou seja: minha mãe quer que eu dê a luz a um gnomo!

Quanto a mim, ainda tenho calafrios só de ouvir a palavra maternidade. Adoro crianças, mas só as que eu não preciso educar. Só estragar. ;)

Lindo texto.

CamilaRufine

Michele Matos disse...

Muito bom!!
Eu quero ter um filho. Ou dois.
E quero que ele tenha um pai que não se importe em acordar várias vezes pela noite.

Graci disse...

Filhos, filhos? Melhor não tê-los, como diria meu amado Vinicius, que do começo ao fim sabe o quanto pode ser ruim, mas, na verdade, o quanto é maravilhoso ter os bacuris.

Sabe que eu pensava que nunca iria ter filhos?

Deu no que deu. Imagina o que vc pode ser com tantos planos no bolso =)

Adorei o texto!
Me fez pensar nos próximos onze que quero ter. Se for menino vai se chamar Mikelvis Keirrison.

Bjooo!!

Scheyla disse...

Chá de bebê é divertido, hehe.
E essa sensação dicotômica chega a ser saudável, um não-querer-mais-que-muito-querer-bem!

O ruim é saber que no nosso país, para muitas mulheres (e meninas), ter filho ainda não seja uma questão de opção...

Mulheres de Atenas disse...

hahahahahaha
PERFEITOOO!!!
Sensível e engraçado... e uma dúvida: será que é a idade? pq venho sentindo seguidamente algo parecido com o que descreveu :S