sexta-feira, 18 de julho de 2008

Desabafo jornalístico

Li um conselho para jovens jornalistas: trabalhe mais do que o horário estipulado, sujeite-se a ganhar pouco, azucrine todos no meio para entrar no mercado. Profissão árdua essa. Trabalha-se muito, sem reconhecimento. Ganha-se pouco. Expectativa de aumento? Pfff, quase nula. Seu trabalho é submetido a crivos nada críveis. Censores, geralmente muito censores e pouco jornalistas.
Penso isso enquanto estou sentada, esperando para fechar um trabalho. Um trabalho no qual acredito, tenho que acreditar. Sentada nas escadas de uma tevê esquecida. Com cheiro e gosto de poeira na boca, depois de ter me embrenhado no mato para coletar imagens. Imagens não muito boas, sofridas.
Jornalista tem que amar, ter raça, vontade de pegar no batente. Jornalista não nasceu para ser empreendedor, se o fosse, deixaria de ser jornalista - diz a outra parte do texto que li.
E por que amar essa profissão se está cada vez mais difícil atingir estabilidade, ganhar dinheiro, crescer? Ou será que é fácil, mas ainda não encontrei a fórmula? Reúno três péssimas características para alguém que pretende subir na vida a passos largos. Sou mulher, sou jornalista e nunca precisei trabalhar para sobreviver. Só me resta a vontade de ser, fazer e crescer.
Nossa geração é acomodada, por acreditar que sentar a bunda em cadeira universitária por 4 anos seja o suficiente. Não. É preciso aprender com as gerações anteriores, pais e avós. Eles tinham, parece-me, mais necessidade e até mais criatividade. Sobrou-nos a vontade, que ora me escapa ante o desânimo e as dificuldades.

Beatriz, azeda.

4 comentários:

Mulheres de Atenas disse...

Talvez devessemos mudar o nome do blog para Mulheres Azedas de Athenas... Pior de tudo é estar me sentindo assim e pensar que vou mudar de profissão. Então, tento encontrar algo que goste, não mais do que jornalismo, mas que ao menos goste, que tenha vontade de fazer e descubro que nada me atrai.
Estou ganhando um pouco mais e fazendo menos do que gosto. Fico pensando até onde isso vai, ou até onde eu aguento ir... Pior é pensar que o que ganho ainda está longe de ser o suficiente...
A profissão não é boa ou eu é que não sou boa para ela?
Bjs, da também azeda, Helena

Srtª Amora disse...

tem que querer mesmo... e ser apaixonada. Te digo que os 4 anos que passei sentada na cadeira da universidade não me deixaram 100% e eu nem sei se quero atingir essa marca... acho que minha veia jornalística atrofiou.

enfim, boa sorte.

Mulheres de Atenas disse...

Minhas cúmplices, sinto informar que esse texto que acabo de ler da querida Beatriz, infelizmente, condiz com a realidade de todas nós em cada cantinho desse Paraná, não sou mais ampla pq não conheço outras realidades, mas enfim...
Com quem eu converso só ouço lamentações, as minhas próprias e as de quem troco as lamúrias. Tenho só uma frase que um velho pensador já dizia, "QUÊ FAZER?"

ai ai ai (suspiro)

beijos, garotas e até o final de semana \o/ - deseperada para reencoltrá-las.

da saudosa

Carolina.

Laís Laíny disse...

E eu que achava que só eu sofria desse mal de angústia jornalística.
Gostei do texto e me identifiquei com ele...
ai ai... se eu não gostasse de escrever e conhecer outras realidades diferentes da minha eu já tinha pulado do barco.. mas discussões como essas não permitem que muita gente desista... e que muita gente sonhe que um dia o jornalismo vai mudar...
adorei o texto..