terça-feira, 29 de setembro de 2009

As velharias da vida

Eu gosto de coisa velha: música velha, roupa velha, chinelo gasto, sapato furado, tênis rasgado e - com certa nostalgia por um passado que não volta mais - aprecio os amores antigos!

Este gosto pelo passado cresceu comigo. Quando eu era adolescente, na oitava série (meu Deus, isso já faz dez anos!), fizemos um amigo secreto. As quatro turmas de oitava do colégio participariam. Na sala da coordenação, pusemos uma lista de presentes - mais de 50 pessoas participando da brincadeira e outras 100 que queriam apenas saber dos presentes. Minhas amigas pediram brincos, perfumes, blusinhas. Eu também curtia estas coisas, mas pedi um CD do Bee Gees. Lembro de todos rindo e apontando: “Aquela é a menina do CD! Nem meu vô ouve aquilo! (risos)”. Mesmo pedindo, ganhei uma agenda do Mickey, a qual custava mais que o CD!

Eu não devo ser a única que passou por isso. Houve uma época em que eu separava um velho tamanco para doar. O colocava numa sacola e a deixava esquecida, até que estivesse cheia o suficiente para valer a visita até o abrigo. Mas ela nunca enchia, pois quando eu vestia aquela velha blusinha, que sempre combinou com aquele tamanco, eu o tirava novamente, com a velha intenção: “só mais uma vez”. Ele arrebentou, levei ao sapateiro. Estragou de novo, em outro lugar, levei novamente. Só desisti quando percebi que a soma do sapateiro já me permitiria comprar outro sapato. Fato este somado à insistência da minha mãe que sempre rogava a praga: “Este sapato de novo? Um dia ele vai arrebentar no meio dos outros e você vai passar vergonha!”.

Não pense você que não vivo o presente. Compro sapatos novos sempre a pouca grana me permite! Não posso dizer que aprecio, mas me divirto dançando um sertanejo e canto axé. Já fui ao show de Ivete Sangalo, mas ainda sonho em assistir a um especial de Roberto Carlos na platéia e não pela Globo. Leio os best sellers e até me encanto por eles, mas não resisto a Machado de Assis. Adoro os filmes de Spielberg, mas tiro o chapéu para Trufaut e Chaplin.

De vez em sempre me pego a pensar nos amores que não vivi, naqueles dos quais eu tenho saudades e no que poderíamos ser se o passado fosse presente. Mas nem por isso deixo de olhar para os lados!

E você tem saudade do que?

Um brinde ao saudosismo, ao som de How deep is your Love, e vamos em frente!

Da ausente, Terezinha

Um comentário:

Mulheres de Atenas disse...

Velharias também me agradam, Terezinha. Acho que uma forma de preencher nosso presente com coisas que foram boas e qu e a gente, pele idade, não pôde ou não curtiu o bastante. Tem uma frase do Drummond que é fantástica, não lembro ao certo, diz do fato de ter vivido coisa boas na infância, mas que ficaram melhores na lembraça pois não soube curti-las bastante na época. Saudosismo é sempre um pouco disso, do que passou, do que foi bom, e que é delicioso lembrar. Ahhhhhh, que saudade! (de vc também, Terezinha, e das nossas noites de chopp´s hahaha)

Beeeijo!

Luiza.