sexta-feira, 19 de junho de 2009

Quando se é criança

Sempre quando começo um texto acho que o assunto é piegas, tantos já foram os que escreveram sobre tudo, que qualquer coisa que se vá dizer parece cair na cópia e imitação. Mas tudo bem, quem sabe um dia se invente uma fórmula mágica de genialidade e pronto, só beber a poção e virar um gênio da escrivinhança. (Enquanto isso segue a confusão de alhos com bugalhos).

A idéia de atingir o inatingível é comum na infância. Quando se é criança sempre há a impressão de que a gente pode vir a ser tudo o que a imaginação permitir, e lá se vão sonhos em virar astronauta, jogador de futebol, atriz de cinema, paquita (90´s), salva-guarda de animaizinhos indefesos e qualquer outra coisa mirabolante.

Na minha, sempre fui uma aluada. Até não sei por que não acabaram me dando o apelido de “da lua”, como tantos outros receberam. Na verdade, acho que sei o porque: sempre deixei tudo muito escondido, só no pensamento. Vontades e desejos eram o que dominavam as minhas invenções. Lá pelos seis, sete, tudo o que eu mais queria na vida era obter uma espécie de placar eletrônico na testa de cada pessoa, só pra saber o que ela pensava sobre os mais variados temas.

Mas isso não veio à toa, a idéia surgiu durante a mais arrebatadora paixão platônica que tive na infância. Queria tanto saber de quem gostava o menino que eu gostava, que ficava imaginando como seria bom ter aquela tela bem no meio da testa do coitado. Mas não conheci nenhum Einstein a tempo de me ajudar na laboriosa invenção.

Contudo, isso não me impediu de fazer as mais românticas e loucas viagens ao lado do tal menino. Eu ia com ele dar uma volta na Ferrari do amigo do Ferris Bueller, em “Curtindo a vida adoidado”; ficava na praia escrevendo o seu nome na areia, ao som da “Quatro semanas de amor”, do Lairton; inventava casinhas em miniatura na nossa vida a dois; ia para tantos lugares que chegava cansada no outro dia de aula. Mas revelar meu segredo, NUNCA.

Quando se é criança tudo fica loucamente fácil. “Pai, me faz um cheque aí pra comprar minha Caloy”, - ignorando o fato da necessidade de ter dinheiro no banco para pagar a dita cuja – e o que ganhava era uma Monareta reformada. Além do par do príncipe encantado, já quis ser daquelas bailarinas que patinam no gelo, jogadora de volei, decoradora e geófrafa. Por último sonhei em descobrir lugares, ser cidadã do mundo. Virei jornalista (?), que trabalha numa assessoria de imprensa e que pode, enfim, queimar seu diploma.

Acho que ainda preferiria ser a tresloucada da infância – que exemplo!!!

Ass. Louquiza.

5 comentários:

Siguilita disse...

aaahh esse diploma...

Neto Verneque disse...

quando eu era crianca eu queria ser astronauta....
achava tão fácil... hehe

Mulheres de Atenas disse...

Juro que na parte de escrever na areia ao som de "Quatro semanas de amor" eu gargalhei. Partilho das suas ilusões de infância, Louquiza.

Anônimo disse...

A ingenuidade da infância. Eu troco por qualquer coisa, só pra ter um pouco dela hoje. Me lembrou o Lucas Silva e Silva, no mundo da lua "onde tudo pode acontecer..."

"O seu nome eu escrevi, na areeeia.."

Mulheres de Atenas disse...

Pior do que escrever na areia ao som de quatro semanas de amor é se apresentar na escola com esta trilha sonora e ainda lembrar a coreografia! Aconteceu comigo!
E o pior, meu par não era o meu amor platônico. Já na infância as coisas foram duras para mim! hahaha
Quantas lembranças e sonhos com este post!