quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sem água, sem ar...

Passou mesmo mais um final de ano. E nesta, completamos dois anos de blog. Acho que o objetivo continua, manter vivo o contato com as três distantes, tentando adivinhar o que cada entrelinha significa na vida de cada uma de nós. Nem sempre se sabe o que dizer, mas não temos pretensão, apenas sentimentos à flor da pele. No outro ano, meu desejo foi audácia, neste, eu só quero paz.

Porque, cá pra nós, iniciei o ano super bem, sabe como? Com aquela puta sensação de estar num lugar e este lugar não estar em você. E hoje, revisitando o blog de uma recente professora minha, achei um texto que ela escreveu, coincidentemente, no dia do meu aniversário no ano passado, e é exatamente o que eu queria dizer hoje.
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Crônica 2

A propósito de uma crônica: no sábado (26/09), o escritor e ex-colega de UEPG Miguel Sanches Neto publicou "Amar uma cidade". Ele fala da sua relação com Ponta Grossa, lugar onde morei um tempão e hoje não entendo como consegui. O relato dele deixa transparecer todas as vicissitudes do amor: encantamento, gratidão, desencantamento, agressão, negação, aceitação, etc. Lembrei que há algum tempo escrevi uma crônica - olha só - sobre o mesmo assunto. Outras coincidências: ele nasceu numa cidade minúscula do interior do Paraná, como eu; ele viveu em Campo Mourão, como eu; fez pós-graduação em Floripa, como eu; sente-se sem raiz, sem um lugar para chamar de seu. Não tive dúvidas e escrevi para ele. A resposta trouxe mais identificação (essa coisa que nos falta a um lugar). Somos paranaenses e não sabemos o que isso significa. Também questionamos se isso precisa significar alguma coisa. Somos diferentes dos gaúchos, que no seu êxodo carregam o Rio Grande do Sul consigo para onde forem. Nós paranaenses, não. Nós vamos deixando nossa herança em algum lugar perdido da memória, acionando uma e outra informação quando solicitada. Então aquilo que poderia nos desabonar - a tal da falta de identidade - poderia nos redimir: somos o que os lugares e as pessoas que nos perpassam nos dão. Poderíamos chamar isso de cosmopolitismo doméstico. Ou não chamar de nada mesmo.


Fonte: Alarme de Incêndio
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O texto do Miguel Sanches Neto, aqui ó: Amar uma cidade

Lola.

2 comentários:

Mulheres de Atenas disse...

Amo o Miguel. Segundo ele, o blog dele tinha poucas leituras, por isso o tirou do ar. Eu era uma das poucas que me deliciava e sinto falta de passar por lá.
Já conhecia a crônica...
Às vezes eu eu acho triste isso de não ter uma identidade, um rótulo a preservar. Noutras, fico feliz, pois isso faz com que nos adaptemos facilmente.
Bem vinda, Lola!

Mulheres de Atenas disse...

Entrevistei o Miguel ano passado e estou até agora me ensaiando para mandar um e-mail para esse escritor que me fez chorar copiosamente no Chove sobre minha infância. Também não sou de lugar nenhum, te entendo.