terça-feira, 27 de outubro de 2009

Quando eles dizem: “Vamos casar...”

Não que eu tenha algo contra o casamento, pelo contrário, até aprecio a cerimônia, por mais tradicional que ela seja. Acho que reside aí alguma ideia romântica incontida, que por todas as influências externas se incorporam na pele. Além de que, não é apenas o casamento, mas o juntar-se por querer. O estar perto por gostar. Acordar todo dia ao lado de uma pessoa que você escolheu para compartilhar tudo, desde o bafo matinal até as notas musicais tiradas de ouvido no chacoalhar das cobertas.

Mas cá pra nós, está entre as coisas mais estranhas dessa vida a primeira vez que você ouve da boca de queridos amigos a palavra ca-sa-men-to. “É!!! Decidimos que é a hora. Vamos casar nos próximo verão”. “O quê????” - é a única coisa que você consegue expressar, assombro e surpresa, além de um tremendo sentimento de que a vida te atropela, como naqueles instantes em que você está atravessando a rua distraída e de repente ouve uma estrondosa buzina, em um nervoso sinal de alerta. É, amigo, mais um pouco e você já estará estrelando uma comédia à Solteirões Bom de Bico.

O meu primeiro sinal de alerta veio no ano passado, quando pela primeira vez recebi um convite para ser madrinha de casamento. Sim! Que honra... O orgulho inchou o peito e espalhei aos quatro cantos a honraria do glorioso convite. Mas a ficha só caiu na hora em que eu vi o primo entrando de fraque com o sorriso de orelha a orelha admirando a nobre companheira que entrava para ir ao seu encontro. Nem dava para acreditar que aquele era o mesmo que cresceu brincando e se divertindo à custa de tardes na casa da avó com o restante da trupe de crianças unidas pelo mesmo sangue.

É, realmente eles crescem. Tá certo que ultimamente estava rodeada de amigos casais, mas não imaginava o ponto em que a maioria deles estaria se preparando para o enlace. Depois do primo veio a amiga de infância, juntando-se com outro amigo da mesma procedência. Mais tarde a amiga-irmã de escola, com quem até ontem eu trocava papéis de carta e colecionava posters do Guns´n´Roses. Até aí tudo bem, um, dois, três... Mas a lista não parava por aí, era a irmã em busca de apartamento, a outra em fase de cobrar o namorado pela atitude que não vinha, e... opa!!!! Madrinha outra vez?! “Simm, você fez parte da minha vida, não poderia ficar de fora.”

Um dos indicativos do contraditório tempo (amigo e inimigo) que passa, é a somatória de vidas da qual você já fez ou faz parte. Se de um lado vem a alegria de fazer parte de muitas delas, de outro vem a assombrosa constatação da idade. Um convite para o casamento dos melhores amigos é o sinal do encerramento de um ciclo e, consequentemente, início de outro. Esses dias atrás me convidavam para festinhas de aniversário - pão com linguiça, refrigerante e som dos Raimundos. Hoje eles chegam e vêm me dizer: “Vamos casar”...

- “Tudo bem. Só não aceito mais convite para madrinha.”


Luiza.

4 comentários:

Mulheres de Atenas disse...

pelo menos eu não favoreço seu desespero. ainda te chamo para festas com pão e linguiça. e batatas. haha

Carolina Filipaki disse...

Querida amiga,sinto informar, mas isso tende a piorar.
Minha melhor amiga me contou que ia casar por msn e eu quase caí de costas. E isso já faz três anos. Meses depois me contou que estava grávida. E para piorar de vez a minha situação de protagonista de uma comédia estilo 'solteirões bom de bico', ela me chamou para ser madrinha do pimpolho. Coisa mais fofa do mundo, meu afilhadão já tem mais de 2 aninhos e eu tenho alguns cabelos brancos!

Unknown disse...

Hahaha, por isso q te amo!!
Vamos casar?
Eu e vc??
hehehe..
fica bem.. tenho MUITAS saudades!!

meus instantes e momentos disse...

A partir diso tudo, a fila começa a começa a andar bem mais rápido,
o tempo não para....
Maurizio