Todas as vezes que quero muito te falar e não consigo acontece algo. Não são as mil possibilidades do teu não, apenas. Geralmente uns fantasmas me assombram à porta, mas não é somente isso. É meu inconformismo, gritante, dessa minha ansiedade frouxa.
Incomoda-me o fato de que toda vez que tenho algo importante a te dizer, não me atendas. E depois, quando vens a me apresentar desculpas, elas não sejam mais necessárias (na verdade, em momento algum são). O momento passou.
Incomoda-me, sobretudo, o fato de querer te falar a toda hora, como se a voz aplacasse a ausência. E nessa espera rota, ter como resposta não uma voz, mas uma chamada quem me diz irritantemente: NÃO, NÃO, NÃO.
Mas o que mais me irrita, e de longe é o mais desesperador, é o fato de que te falar é uma necessidade minha e que tua voz, quando presente, me conforta sim, mas não é para sempre.
O fato é que eu, sempre errante, preciso aprender a lidar com meus assombros, com a ausência, com o vazio. Sozinha. Não quero dividir com ninguém o peso dos meus dias, o peso de qualquer coisa que me quebra, qualquer coisa que me trinca, qualquer coisa de angústia. Algo que me pesa e que nem deveria existir, mas, existindo, só a mim deve pesar, a mais ninguém.
Sozinha, hei de aprender a tua mansidão, a tua calma, a tua avidez de procurar sentido às coisas, quando todo o resto não tem mais sentido. Tudo o que mais me encanta.
Não quero criar a expectativa do todo dia, se o todo dia, a mim e a ti, não é possível. Não quero me entregar a espera doente do todo dia se, igualmente doente, depois virá o toda hora e toda hora, igualmente, não será possível.
Quero me curar para que, uma vez curada, livre e inteira, eu seja tua. E não um punhado de ausência.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
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7 comentários:
E eu entendi exatamente o que vc quis dizer.
...
Como é ruim um telefone que chama sem resposta. Já deletei o número do alcance das minhas mãos para evitar o sofrimento.
Todos os dias tenho a impressão de ver a sombra que tanto espero passar pela janela, voltando para trazer esse conforto do qual você fala. Porém, não quero me curar da entrega doente. Quero é adoecer por alguém que se entregue da mesma forma.
Bjs
Ai, moça, pelamordedeus! Assim vc me deixa sem esperanças? Onde esta a mesma "autora-pessoa" que esreve esses textos??? Ela, seguramente é alguem de MUITA vida interior. Ela é seguramente, alguém de MUITA sensibilidade!!! Será que ela nao se olha no espelho e nao enxerga que, com esse potencial, ele pode ter MUITO mais do que um amor que a deixe "doente" - ainda que seja "doente-de-amor". Sei que vc usou a palavra adoecer, aqui, como uma metáfora... Mas, reflita, que quando queremos alguem de maneira desesperada, nao podemos querer a nos mesmas. Se amar e amar o parceiro, de uma forma que nao sufoque, é o primeiro passo para que esse amor seja feliz e dê certo. Espero que vc fique BEM e que o proximo texto reflita mais essa mulher inteligente que vc parece ser.
Mas será este problema, você não se sente inteira por simplesmente não dizer a ele?
Fique com Deus, menina.
Um abraço.
Obrigada pelos conselhos, gente. Ainda bem que eu tenho vocês.
Sabe, eu até pensei que valeria outro post explicando o pq do blog, que não somos uma, mas sim três, como os posts de anos atrás demostram. Mas... né! Tudo bem, a criatividade de cada um é o que conta. E a gente nem sempre é racional (inteligente), pras coisas do coração geralmente se é à flor da pele, cafona e insegura. Como a Graci, tb te entendi, Ligia.
Beijo,
Lola.
O fato é que: Se vc é quem eu penso, vc é muito lindinha, "dilicinha do papai" rsrs Fofinha, linda e atrapalhada!
Ps - De longe lhe observando, mas apos susto, com coraçao
pertinho ;-)
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