Desamar
Que faz uma criatura,
uma vez entre criaturas, desamar?
Amar e depois esquecer
Malamar e desamar
Amar, titubear e, como se fosse de repente, desamar?
Assim, com olhos pálidos, desamar?
Que pode o ser amoroso
Querer estar sozinho na roda da vida
Para encontrar outro ser
E quem sabe chegar ao mesmo desamor de agora?
Desamar o que a rotina traz aos dias,
O que sepulta o amor, o que arrefece o sentimento?
É sal, é azedo, é amargo, qual o gosto do desamor?
Desamar gradativamente a companhia
O que era confiança cega e adoração sem dó
Desamar o que era doce, de cor
Triste a paisagem, bruto o sentimento
Uma boca que não diz mais nada, desmonte de cenário
Este é nosso destino: amar demais
Amor que diante das coisas vazias
Se esvazia de si mesmo
Para recomeçar a procura medrosa
E paciente de outro amor
Desamar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
desamar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Lígia, pessimista.
[O original é encontrado aqui]
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Hj vc nao esta bem... Desejo-lhe dias mais alegres :)
beijo.
Infelizmente, o mesmo o motivo, o coração, ama quando pensa que encontrou alma gêmea e desama quando vê que não encontro...
Fique com Deus, menina Lígia.
Um abraço.
Ahhh Ligia, passei os últimos dias tentando descobrir a resposta. Concluí que é como disse a personagem de um filme que vi outro dia: "Não encontrei em você a certeza que encontrei nele". Por enquanto é a explicação que me acalma...
Bjs,
Lily
Do Drummond à Ligia... hehe Gostei!
Postar um comentário