Não carregava consigo o título de senhora empolgação. Era uma ingrata, antes de tudo. Sabia-se privilegiada pelo teto, pela comida, pelo estudo, pelos acessos, pela saúde, pelas coisas que lhe davam condições de uma vida boa. Sabia que isso não bastava, porque não era coletivo. A tristeza também fazia parte da sua felicidade, e, por vezes, a última, tímida, aparecia menos que a primeira. Mas, hoje, o dia despontou diferente. Sentiu no vento o ritmo gostoso pra embalar a manhã do sol que emergiu forte. Fechou a porta, saiu de casa, caminhou logo cedo por aquelas ruas que a tinham recebido tempos antes. Num sopro, ouviu o jovem que voltou no lugar do velho. “Se apresse, temos o amanhã para tecer, acho que ele vai ser diferente”, cochichou o moço ao ouvido. “Eu sei, acordei com essa sensação. Tenho que correr, encontrá-lo”. “Encontrar quem?”. “O sentido, o vento me indicou”.
Lola.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
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4 comentários:
que coisa mais linda.
esse texto também sabe como ser meu...
Interessante, mas qual é o sentido que o vento indicou?
Fique com Deus, menina Lola.
Um abraço.
muito maneiro!
Que singelo, que gostoso...
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