segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Parola

Assisti a um filme em que uma mulher procurava sua palavra. Fiquei pensando na minha. Minha conclusão me satisfez a certo ponto, pelo fim da procura. Mas era triste. A palavra era feia.


Essa história de palavra começou com uma amiga. Falávamos de sentimentos comuns, da eterna insatisfação com o mundo, a vida. Ela resumiu em uma palavra, a sua palavra: angústia. Fiquei procurando a minha. Pensei em apatia, mas não me considero uma pessoa apática, já trouxe cor. Vasculhei minhas entranhas que apontaram: insatisfação. Não, era óbvio demais.
Encontrei minha palavra ontem. Anestesia. É essa a sensação que tenho. Que tudo o que procuro, que os mundos e fundos que movo são apenas para anestesiar. Para aplacar uma dor, que não é, vá lá, uma grande dor, mas é uma coisa que cutuca, aquela dorzinha chata como quando a gente corta o dedo com folha de papel. Arde. Incomoda.
Meus caminhos trilhados me anestesiam, me fazem continuar em pé, mas não curam. (Talvez por isso a sensação de que nunca estou por completo, de que não me entrego, de que não sou eu aquela que sorri na foto, é a anestesia). A dor continua lá, só não se sente.
Hoje decidi abandonar a palavra. Pouco tempo de convivência depois do (in)feliz encontro, eu sei. Mas, como disse, a palavra é feia demais pra mim. Quero a luz do sol, não a luz gelada de hospitais. Quero tremor, risada gostosa, vento na cara, cãibra, cair e levantar, choro compulsivo - se preciso for - quero queimar a cidade e reerguê-la. Basta de xilocaína. É pouco demais pra mim.

Lígia, ausente.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Síndrome de novela mexicana

Se você sofre da dor do parto antes mesmo de partir; chora pelo defunto antes dele chegar; dá o fora em si mesma sem nem sequer ter dado uma piscadela para o pretê; despeja, antes de tudo, todos os defeitos para depois falar de suas tremendas qualidades, se achando a pior pessoa do mundo, creio, querida amiga, que o diagnóstico para isso seja a síndrome de novela mexicana. Porque drama é tudo na vida de quem sofre do mal, e o melhor conselho/remédio é receber um belo "você tem que se foder!".

Sim, cara amiga, aquele velho ditado de fim de noite em mesa de boteco que diz que é cagando que se aduba a vida, certamente cabe a estas raparigas. Pois para tudo, que não a morte, dá-se um jeito nessa vida. Geralmente as mulheres que sofrem dessa síndrome tem o subjetivo aguçado, são primorosas cineastas, rodando seus rolos de filmes na cabeça inescrupulosamente explorada, que trabalha muito mais do que as oito horas diárias estabelecidas na CLT.

Para essas marias do bairro, mecedez´s e soraias, nossa súplica: redução da jornada de trabalho já!! A mente precisa relaxar...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Comum

- Sou comum.
- Comum? Como?
- Ah, tipo domingo em família; sábado com filme; feijão com arroz; sofá com tv...
- Humm, bom... hã, então eu já vou indo, prefiro a sexta com amigos.