quinta-feira, 29 de julho de 2010

Maneira mais feliz de viver

Eu tenho medo, esse medo incontido, esse medo fudido de te perder, mas também, como não ter? Se é só olhar para você e me deparar com essa beleza linda que é te ter?


Da série: músicas que grudam na cabeça...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Incoerência de gênero*

No intervalo do trabalho, com alguns amigos na roda do cafezinho, conversávamos sobre a festa a qual fomos juntos no último sábado. O tema principal de todos os comentários: mulheres.
- Oh, e você viu aquela loirinha, deliciosa, não era?
- Sim, que peitinhos, hein! Acho q andava sem sutiã.
- Nossa, e a moreninha com quem dancei, que cinturinha!
- Cinturinha que nada, ela tinha era uma bunda gostosa.
- Tu não percebeu como o vestido dela marcava?
- Tenho certeza que a safada andava sem calcinha.
- Na cama deve dar gostoso pra caralho.
Comentários vão e vem, insistiram para eu expor os meus:
- E você? A gente viu você conversando com aquela gatinha no balcão, o que rolou? Ficou com a mina?
- Sim ficamos. Ficamos conversando sobre músicas, filmes, livros, etc. Ah, e dançamos também.
- E aí, e aí, pegou na cinturinha, sentiu se era gostosa?
- Gostosa demais, realmente muito gostosa para dançar, curti muito.
- Ah! Qual é? Entrega o jogo... a gente viu que você saiu com ela mais cedo. Comeu, né? Conta, levou ela pro motel ou foi no carro mesmo?
- Comi, sim!. Mas foi na pizzaria, ela não tinha fome, só tomou um refri.
- Poxa cara, pelo menos ao deixa-la em casa, imagino que uns beijinhos você deu, né?
- Ah, claro! Na despedida lhe dei um beijão, no rosto, e combinamos de sair outro dia.
- Porra meu, tu é um frouxo mesmo, que classe de homem tu é, hein...

* Uma postagem à cubana: por minha total responsabilidade posto esse texto e faço dois destaques - essa é a primeira vez que uma pessoa, que não as três mulheres, escreve neste blog. Com mais entusiasmo ainda, tenho que destacar que esse texto foi escrito por um homem, de marte, talvez... Ele me mandou esse texto por e-mail. Disse que tinha escrito algo e que iria me enviar. Ele mora em outro país, onde um povo aguerrido mostrou que outro mundo pode ser possível. Ele se prepara pra voltar, em breve. Eu ainda não sei defini-lo bem, mas ele é das melhores pessoas que já conheci. Eu não sei como será na sua volta, mas a única esperança que guardo comigo é de que eu possa continuar fazendo parte, de alguma forma, da sua vida. Ele ainda não sabe que eu postei esse texto aqui, mas acho que vai perdoar a minha ousadia.

Lola, com saudade.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Minhas páginas da vida...

Olhai os lírios do campo, que o apanhador no campo de centeio está em busca do tempo perdido. O grande sertão Veredas acaba na montanha mágica. O processo deixou o homem sem qualidades, o primo Basílio, Dom Casmurro - os miseráveis. Em 1984, a divina comédia mostrou guerra e paz, crime e castigo. As viagens de Gulliver, acabaram-se em cem anos de solidão, não encontrou Otelo, Hamlet nem Madame Bovary. Numa noite Fernão Capelo Gaivota se perdeu e o vento levou... Pergunte ao pó o significado dos sonhos das Valquírias...
Admirável mundo novo que descobri em mil e uma noites de uma história sem fim.

Lily Braun, em títulos emendados por pensamentos desconexos

domingo, 11 de julho de 2010

Do falar de si

Nasci numa cidade aonde haviam, invariavelmente, para as minhas condições, duas escolhas: ficar lá, casar, ter filhos, ou, ir embora. Fui embora. Fomos embora. Meu pai foi o protagonista da revolução de nossas vidas, e, ainda hoje, me pergunto o motivo que o levou a tomar tal decisão. Tenho certeza de que muito foi por nossa causa, minha e de minhas irmãs, mas acredito que ele também tinha consigo algo que lhe afugentava de lá.
Filho de pais humildes e agricultores, optou por não continuar na roça, que era seu destino inicial. Único dos onze irmãos que terminou o terceiro grau. Minha avó dizia que ele, enquanto os irmãos iam à labuta do sol e enxada, se escondia em cima de uma árvore e ficava lendo livros que conseguia na única escola. Tornou-se funcionário público. Quando pequena, eu achava uma graça nas suas conversas, falava com a gente usando as normas de gênero e número, e eu perguntava por qual motivo o pai falava tão certo conosco. Ele ria. Uma vez, a mulher que cuidava de mim e minha irmã, nas horas que o pai e a mãe trabalhavam, disse que tínhamos um pai de ouro. “Nunca conheci um pai tão carinhoso com as filhas”. Lembro de sentir orgulho, mas naquela idade não tinha noção do tamanho disso.
Daquela cidade tenho as melhores lembranças. Da infância loucamente feliz, com férias na avó, bicicleta, bola, esconde-esconde, rua até a mãe chamar pra dormir, joelhos esfolados, primos comparsas, amigos inseparáveis, pé de laranja, nogueiras gigantes, florestas onde se escondiam os maiores perigos imaginados por crianças traquineiras. Da adolescência com uma trupe de amigos que se conheciam desde a pré-escola. Festas com lingüiça e refrigerante, antes das descobertas alcoólicas. Primeiros beijos e abraços quentes. Paixões escondidas, carnavais até amanhecer.
Fomos embora. Paramos numa cidade que, embora muito pouco cosmopolita, me trouxe convivências que formaram grande parte do que sou. Lá, como na cidade natal, acho que vivi tudo no tempo certo, embora com alguns atrasados para certas coisas. Veio a faculdade, movimentos, identificação com grupos, músicas, novos amigos misturados com os velhos. Mas tinha algo que me mandava embora de lá, talvez nessa época entendi um pouco do que o pai sentia. Ao mesmo tempo que queria sair, tinha medo de deixar, medo da ausência, e até mesmo medo de não sentir falta. Hoje pouca falta eu sinto, e isso me dá frio na barriga. Tenho nostalgia dos tempos que lá vivi, dos amigos que ficaram longe. Mas grande parte deles também deixou-se ir e não mais estão. Isso me conforta um pouco, porém com tristeza quando vejo que a vida vai passando e nos levando cada vez mais longe uns dos outros.
A cidade que habito não tem cara, ou eu ainda não a vejo. Herdo a cultura do paranaense de não ter uma identidade. Talvez por isso seja tão fácil deixar os lugares e procurar outras estradas. Estou no caminho para descobrir em que encruzilhada virar. Tenho problemas que, senão resolvê-los, virão escondidos na minha mala. Por isso, agora não estou com pressa de sair. Para chegar mais forte no outro lugar que me espera, tenho que habitar aqui. Sei que nunca estarei completamente preparada, mas tenho tentado aprender no caminho, do ficar e do partir.

L.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Vai, vai, vai, vai...

Amar
Vai, vai, vai, vai...
Sofrer
Vai, vai, vai, vai...
Chorar
Vai, vai, vai, vai...
VIVER



Ontem eu teria medo.
Ontem eu diria tudo o que segura,
que interrompe,
que abafa a vontade de você.
Ontem eu me esconderia,
pra que você não visse minha face rosada, pois
quando te lembro, ela fica como se estivesse sobre o sol.
Não te deixaria descobrir esse detalhe que me entrega.
Ontem eu pensei em te deixar,
te largar no mar de pensamentos esquecidos.
Ontem Frida Kahlo completaria mais de cem anos.
Se viva estivesse, Diego ao seu lado?
Ontem eu pensei em te amar pra sempre,
mas o sempre não existe.
Mas, essa quarta-feira sem graça,
como semana após semana são esses dias sem graça...
Quarta eu te amaria, até esgotar o tanto de amor
que meu peito reserva, curte, espera pra doar.
Eu tenho um tanto de amor,
e ele tá guardado pra você,
doido pra te entregar, dado, pra você...
Quarta, quinta, sexta, sábado, domingo, segunda, terça, Quarta...

Lola.