sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Revelando...




"O filme a seguir é uma história de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente você Jenny Beckman. Vaca".


Odeio escrever textos em primeira pessoa, mas isso não quer dizer que eu não o faça. Odeio ter que admitir certas coisas, mas algumas são inevitáveis, como o fato de que adoro assistir filmes “boy meets girl” e comédias teens 80´s, recheados com trilha sonora post punk ou british pop. Isso destrói minha panca de durona e afeta profundamente certas convicções, mas é uma contradição e tenho que lidar com ela, fato!
Feito o desabafo, tenho que falar do filme que vi essa semana em dvd. (500) Days of Summer. De coisas que não sabemos, ele não tem nada! Mas assistir um filme que foge de clichês românticos e do felizes para sempre é um alento para as pobres almas fãs de comédias românticas inteligentes. Tom (Joseph Gordon-Levitt) conhece Summer (Zooey Deschanel) no trabalho. Ele acredita em alma gêmea. Ela não acredita no amor. Ele se apaixona por ela e acha ser a mulher da vida dele. Ela, bem... nem tanto! O filme não é linear, é construído sobre o ponto de vista do Tom e dos 500 dias “de Summer”.
O que mais atrai na história é o fato da desconstrução do mito do felizes para sempre, do destino, da alma gêmea e toda essa balela que a gente alimenta por influências diversas. Uma coisa diferente, e até meio exagerada, é a inversão dos papéis. Não é a Summer a iludida e cândida, mas sim o Tom, que representa perfeitamente os idealistas apaixonados, sim, aqueles que não olham pro real e visualizam amores, relações e pessoas perfeitas. Daqueles que são atropelados pela história, pois negam a sequência, o amanhã e as reticências (não pelo fato de não ter a resposta, mas pela simples continuidade da vida).
Mas, calma aí! O Tom não fica nessa. A história vai e volta, tem os altos e baixos e a superação lenta e dolorosa de qualquer final de romance. O legal é que ela acontece, sim. Protagonistas à parte, a irmã do Tom, Rachel, que não deve ter mais do que 13 anos no filme, sai com ótimas sacadas, como uma cena em que ela diz pro irmão algo mais ou menos assim “Tom, só porque vocês gostam das mesmas coisas e se divertem juntos, não quer dizer que ela é a mulher da sua vida”. E a relação deles é engraçadíssima, pois é a garotinha a adulta da história.
Uma das cenas que mais marcaram no filme, é no finalzinho, quando, depois de uma bela dor de cotovelo, Tom é surpreendido pela Summer no lugar predileto dele. Lá eles conversam sobre o que passou, e do porque ela havia feito aquilo. “Um dia eu acordei e tive certeza”, diz ela, “uma certeza que eu nunca tive com você”, pá! Depois disso, Tom redescobre a roda em uma coisa tão óbvia... mas é um dos momentos que levam eu considerar um dos filmes mais legais do gênero que eu vi nos últimos tempos.
- Depois do verão, vem o outono. The end!

L.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Os trogloditas, infelizmente, não são uma espécie em extinção

Eles estão por toda a parte. À caça dos pares de coxas mais grossos, dos glúteos mais firmes, dos seios que se revelarem mais salientes debaixo das blusas. Ou não. Estão atrás de qualquer dona de saia, de qualquer uma ao alcance das mãos e daquelas que buscam num troglodita a felicidade do pós-festa. A felicidade de contar, mais tarde às amigas, quem e quantos foram os pegas da noite anterior.
Eu não tenho o menor orgulho de ser o sexo frágil. Não quando você se vê vulnerável diante das mãos em polvorosa de homens sedentos. Sou mais, muito mais que essa roupa justa. Sou mais, muito mais que o meu decote. Olho para minhas mãos pintadas de vermelho, observo meu reflexo no vidro dos carros e tento imaginar quem poderia imaginar o que há por trás dessa imagem deparando-se apenas com a imagem. Os trogloditas não querem saber o que eu li, se tenho tiradas inteligentes, se meu sonho é rodar o mundo, se meu pulso reverbera em garra e força. Eles se valem de sua aparência por vezes bonitinha, da insistência, da força e o pior: valem-se da retrógrada ideia que não resta à mulher outro destino que se entregar. Elas deveriam é agradecer.
Dessa fragilidade eu me abstenho. Ser frágil não me faz mulher, não mesmo.

Lígia

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O verão terminara

RETROSPECTIVA A PEDIDOS

(Este texto* fala sobre dias que poderiam ser doces dias, mas devido a inúmeros desencontros se tornam amargos dias.)

Hoje escolhi que iria te encontrar. Planejei estar ao seu lado, hoje, o dia mais longo, o dia em que termina o horário de verão.

Li no jornal. Os relógios devem ser atrasados uma hora à meia-noite. A hora acrescida no dia vai repor a que foi subtraída quando o horário de verão começou. Lembro que fiquei pensando... Como eles têm o direito de roubar uma hora de nossas vidas? Vá lá que vão repor depois, mas há dias mais especiais que outros.

Fiquei a imaginar quem aniversariava naquele dia, quem tinha uma grande festa para ir, quem aguardava ansioso no aeroporto o horário do voo para rever os seus. Uma hora lhes foi roubada. E devolvida somente quatro meses depois. Em quatro meses pode acontecer tanta coisa...

Mas isso não tem nada a ver com a gente. A não ser pelo fato de que o dia da devolução da hora roubada foi o dia que eu escolhi para passar ao seu lado. Imaginei o tanto que teríamos a nos falar e achei a ocasião bem propícia.

Aguardei o horário do nosso encontro com ansiedade. Esperei insistentemente o telefone tocar, para confirmar o encontro, sutilmente anunciado minutos antes. Em vão.

Planejei passar este dia ao seu lado. Você escolheu outra coisa. Outra pessoa, enfim. E talvez, vai saber, você nem soubesse que o dia seria mais longo, muito menos o quanto estar ao seu lado seria especial para mim.

Ironicamente, o dia acabou com a certeza de que ele foi, sim, mais longo. Mais longo de dúvidas, mais cheio de incertezas, mais repleto de ausência. Da sua ausência.

* Texto escrito dia 14 de fevereiro de 2009. Postado hoje em alusão a mais um horário de verão que se foi e, junto com ele, outros tantos desencontros. Ele foi escrito pela Rosa, que também já se foi...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Terça de carnaval

A ressaca começa na madrugada de terça. Quando o sol desponta, o gosto acre já toma conta da boca. Aquele que fica depois da última caipira na praia, do gole amigo oferecido pelo usuário do guarda-sol do lado, e, por fim, daquelas doses a mais no bar do Zado. O gosto da ressaca da terça, vem acompanhado da lembrança daquela boca suculenta e macia da noite anterior, que começa no poente da tarde agitada, na penumbra que vem chegando, com o óculos escuro ainda tapando a visão meia luz, no solavanco do sambinha tocando. O problema dessa ressaca é que ela começa cedo. A terça de manhã já é a tragédia do ano inteiro. Contas pra pagar, livros pra estudar, trabalho pra vender, problemas pra enfrentar, e o suor que não ameniza com um banho de mar. A terça já vem lembrando a quarta acinzentada. Da boca suculenta fica um telefone na agenda, uma mensagem não respondida e um nome na história dos carnavais. Que chegue logo mais outro, porque dessa ressaca tenho o ano inteiro pra curar.

Colombina*

*Porque, ainda em clima de Carnaval, permitimo-nos nos fantasiar

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Clichês

Amar a pessoa errada é clichê.
Amar de forma errada a pessoa certa é clichê.

Amei quem deveria ser apenas um amigo.
Senti amizade por quem muito me amava.

O coração está apertado, é quase sofrimento.
Eu te quis. Você nem me kiss.

Você não é clichê, é especial. Esta frase é clichê, puro chavão.

Eu sem você sou clichê, repetição, chateação.

Nós dois juntos somos coreografia inédita, emoção, estreia, suspiro.

Nossas músicas são clichês.
A música que ouço sem você é clichê para a minha solidão,
Enche de ruídos o que um dia já foi nosso salão.

Lily Braun



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

It´s over again

Não poderia culpá-lo por ignorar uma história que ocorrera apenas nos devaneios dela mesma. Isto era o que tentava assimilar mentalmente. Era meia noite e levantou da cama num sobressalto. Assustada foi até o banheiro e encharcou o rosto com a água que corria torneira abaixo. Junto com a água, tentava mandar embora aquela safada angústia que atrapalhava seu sono e comprimia seu estômago.
Era difícil entender que aquilo tinha acabado novamente sem nem sequer ter iniciado. Se acreditasse, poderia dizer que era como uma maldição sádica de cada começo de ano. Dezembro terminava com expectativas, janeiro prometia boas risadas e fevereiro voltava, com uma marcha de carnaval sarcasticamente lúgubre.
Tentava não sentir raiva, porque entendia que a vida não era uma linha reta, pelo contrário, era, sim, cheia de curvas que iam e voltavam, com coisas novas e velhas, com saudades, tormentos, novidades, mudanças, pedaços de alegrias e outros de tristezas. Isto tudo ela entendia, o que ficava difícil engolir eram as palavras falsas, dissimuladas, o que ele omitia, achando ser a melhor saída. Nada mal para um egoísta, mas era o caso?
Não sabia. Não sabia responder essa pergunta e nem as outras mais. Fevereiro voltava e trazia outro soco no estômago, talvez aí se explicasse a compressão da angústia. Ela realmente se perdia em busca de respostas, mas agora era certo, haveria de deixá-las para trás. Ele teve sua chance; ela cortou o peito e mostrou o coração; ele fingiu não ver; as escolhas, afinal.
Apenas uma coisa lhe era certa, não era mais uma história que não se acabara. Agora era verdade, não teria receio em dizer “it´s over again”, em outra língua, para que as palavras não pudessem abrir um corte muito profundo. Ele escolheu. A escolha valeu pelos dois. Não valeria mais a desculpa do devir. Não teriam o final escrito igual à epígrafe daquele livro que tanto gostava: “Esta é a história de uma mulher e de um homem que se amaram plenamente, salvando-se assim de uma existência vulgar”. Não! Isto, definitivamente, não estaria escrito na história dos dois.

Lola.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A revolta de Lily

Hoje acordei decidida
Vou virar puta
Pois ando cansada de não ter no bolso um puto...
Mas de repente ele apareceu, tão cavalheiro
Que a puta que eu sonhei
Nem conheceu o puteiro

Lily Braun

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ensaios mil

Eu já ensaiei mil vezes começar um texto em que falaria da gente e de como eu acho que fomos feitos um para o outro. Eu já fiquei – inúmeras tentativas - na primeira linha de uma carta em que te diria o quanto estar com você mexe comigo e de como esses momentos com o teu sorriso no meu marcam a minha vida. Eu já quis te dizer que encontrei diversas pessoas interessantes por esses caminhos afora, mas em meio a uma conversa e outra, a um carinho, uma forma de tocar, eu lembrava de você e de tudo o que você não faz para eu te querer. Eu tento diariamente me convencer que nessa vida virão outros e, senão melhores, irresistivelmente diferentes. Já fui piegas e marquei em algum lugar o que eu acho que somos. No fundo é isso, um eterno enrolar em meio a vontade de ficarmos presos àquele instante. Mas com isso, nada posso.
There are one million things that I need to know...



Lola.