quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A vida, amigo...

Nós voltamos. Aliás, há algum tempo isso aconteceu, mas eu hesitava em comentar a novidade com medo de que ele me deixasse novamente. Depois do que ele tinha me feito, acabou voltando com o rabo entre as pernas. Tudo bem que, de certa forma, eu é que havia provocado seu arrependimento e o conserto de nossa relação. Mas é fato, ele tinha voltado pra mim!

Agora eu era a dona do pedaço. Eu quem dava as ordens e fazia as regras. Eu dizia quando e como queria. Eu é que marcava compromissos e viagens sem pedir sua licença. Apenas comunicava a decisão, pegava ele pelo braço e me mandava.

Mas as coisas nunca acontecem como a gente planeja; regra! Viajaríamos neste natal, voltaria pra casa ao seu lado, para a confraternização em família. Contudo, desta vez foi o acaso que nos separou. Sim, aquele conjunto de causas independentes que determinam um fato qualquer, justo ele, sempre ele... Uma mulher atravessou o nosso caminho e nos deixou totalmente esfacelados. A maldita me fez ver de perto o fio da navalha pelo qual caminhamos diariamente.

Mais uma prova de que eu e ele não fomos feitos um para o outro. Meu pai, que mesmo tendo um M de machista às vezes sai com um bom conselho, falou que a culpa não era dele. - Não importa, pai, eu sei que mesmo dolorosa, existe a constatação de que ambos vão por caminhos opostos e é só; nem culpa de um, nem culpa de outro.

De todos os consolos, um me serviu mais, simplesmente pela comodidade do agrado. “Talvez, filha, isso aconteceu para que algo pior não viesse pela frente e para que a liberdade do descompromisso lhe permita novos contatos”. - Tá certo, pai, disso eu gostei...

Luiza.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Under my umbrella

Depois de dias de calor, nos quais andar no sol foi, literalmente, uma tarefa árdua, as botas puderam sair do armário, pois a chuva veio em grande quantidade, quietinha e sem pedir licença.

Quando eu era criança, meu pai ligava para a minha avó uma vez por semana, pois não tínhamos telefone em casa e fazíamos as ligações do escritório. Ele me colocava na linha e ela dizia:

“Hoje choveu muito. Está coisa mais linda aqui do alto! As alfaces estão crescendo de um dia para o outro, dá até para ver as folhas dobrando de tamanho. Aqui do alto, dá para ver o festival de guarda-chuvas coloridos. Coisa mais linda!”.

Por mais que eu estivesse perto e de olhos atentos, jamais consegui ver as folhas crescendo. Lá da casa da minha avó eu não enxergava muito e sempre achei que fosse culpa da minha altura. Pensava que com o tempo, cresceria e poderia ver a maravilha do desfile de guarda-chuvas lá embaixo.

Cresci e descobri que as folhas realmente crescem mais rápido e que guarda-chuvas invadem as ruas quando chove. Aqui no andar de cima, no centro da cidade, neste dia chuvoso, descobri também que há sempre maneiras mais belas de contar o cotidiano. Embora aqui do alto possamos ver que a maioria dos guarda-chuvas é preta!

Beijos (inteiros como sugere a outra mulher de Atenas),
Terezinha