sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Que venham os verões

Fazíamos a penúltima das viagens que nos levavam, pelo menos quinzenalmente, aos campos gerais do estado para o procurado aperfeiçoamento profissional. De fato, era sempre uma alegria: a galera, as aulas, o certo entusiasmo, os intervalos, os cafés, os chopp´s e as agüinhas no dia seguinte.

Não queríamos romper com uma ligação que só nos tinha feito bem naquele ano que foi ímpar - literal e conotativamente falando, é claro! Bom, já que a viagem de volta era longa nos botamos, eu e Rosa, a pensar em algo que pudesse manter em contato e que nos viabilizasse a informação freqüente sobre o que se passava na vida de cada uma das três.

Então, como já dito, surgiu o blog. Tirando o fato de que as atualizações não tiveram um ritmo identificável quanto a freqüência das postagens, acho que grande parte do proposto conseguimos cumprir. Pois, em meio as linhas de cada uma de nós, surgiam também os sorrateiros sentimentos constantes no ar. E... concordo com a Rosa. Talvez tudo ainda nos lembre como meninas, talvez seja isso mesmo, talvez demore isso a mudar, mas algo me diz, e me conforto em saber, que este ano que se avizinha será outro ano ímpar!!

Que nossos medos realmente caminhem para mais longe a medida que vamos seguindo novas estradas, e que esses caminhos sejam bem opostos. Acho que a palavra do ano, que desejo à todos, não só as de Athenas, é AUDÁCIA! Que ela nos tome e nos leve para frente. Mesmo porque, sabemos sim, que nada vem de graça, nem o pão nem a cachaça. Então, bora lá!!

Feliz primeiro um ano de blog e que venham todos os outros.

ps. - Sobre o nome: Eu que tinha escolhido a mulher que passava a vida a esperar na janela, fiquei cansadinha. É, isso mesmo. Quero ver novos retratos, nem que seja através de janelas, mas de oooutras janelas. Por isso agora Luiza é meu nome, e, que como a Luiza, ganhe os sete mil amores, afinal, nada como o “milagre da renovação” pra uma nova esperança?? Hááá.

ps. 1 – Devo um pedido de desculpas à Rosa e Terezinha pelo post sair somente hoje. Sorry!

Saudações,

Luiza.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Que tudo se realize, no ano que vai nascer...

Parabéns para nós, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!
Acho que merecemos sim este chavão dos aniversários! Afinal, especialmente para mim, ter e manter um blog (por um ano!) é uma conquista... Eu, que como diz Rosa, sou uma menina medrosa, que tem um enorme medo de expor seus pensamentos assim, tão abertamente e estar pronta para as críticas e comentários. Devo revelar um segredo, cada comentário, mesmo pequeno, me faz feliz. Faz com que eu tenha a certeza de que não estamos sozinhas, de que não escrevemos para o nada!
Às minhas companheiras, deixo um obrigada! Obrigada pelas conversas, risadas e amizade! A cada dia vocês ganham uma importância maior na minha vida! Desejo que 2009 seja o ano em que nossos melhores e maiores desejos se realizem!

Que tudo se realize, no ano que vai nascer! Muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender!

Um abraço daquela que promete estar mais presente em 2009,
Terezinha

Feliz primeiro aniversário

Uma coisa que passou a me intrigar ao longo desse ano de (in)certezas , raivas e divagações compartilhadas foi o nome desse espaço. Na empolgação de criar um blog, de reunir amigas fadadas ao esquecimento por causa da distância, de dividir frustrações e ironias cotidianas, sofremos um pouco para encontrar um título que reunisse tudo isso e que de alguma forma nos representasse. As conclusões advindas de uma conversa bastante existencial nos trouxe a música do Chico, um pouco pela letra, mas também pela incompreensão que ela gerou. Ótimo, seremos então as Mulheres de Athenas (com H, porque as de Atenas já existiam). O que me pergunto hoje, especialmente, é se temos o direito de nos intitular Mulheres. Digo isso porque lendo e relendo nossos escritos, acredito que muito de nós que respira aqui é ainda nossas almas de meninas. Não só meninas, mas meninas medrosas. Meninas que têm medo de repetir a geração anterior, medo do futuro profissional, medo (talvez um pouco) de mudanças e medo, sobretudo, do amor.
Que não tenhamos medo. É o que desejo para esse segundo ano de blog e para 2009, que acredito eu, será o ano de muitos renascimentos.
Amo vocês.

Com carinho, Rosa.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Ela não disse, mas sentiu

"Pois, quem pode saber o que é bom para o homem na vida, durante os dias de sua vã existência, que ele atravessa como uma sombra? Quem poderá dizer ao homem o que acontecerá depois dele debaixo do sol?" (Eclesiastes 6,12)

Ela acordou com uma vontade de chorar. Não pelo visível, não pelo que aconteceu na noite anterior, não pelo que ouvira, muito menos pelo que não ouvira. Só uma vontade contida, mas cortante por dentro. Um desejo de chorar, mas que só se manifestava internamente. Internamente tudo borbulhava, prestes à ebulição. Seria mais fácil se de uma hora para outra ela se acabasse em prantos, porque pelo menos todos saberiam que algo lhe afligia. Não seria como estava agora, tentando disfarçar em frente à tela, com o olhar perdido, esforçando-se em manter a atenção na conversa. “Ser triste é perda de tempo”, ouvira o chefe dizer. E ser feliz é o quê? É otimizar o tempo, é a melhor coisa que existe? E por que a alegria é tão efêmera e dá, de uma hora para outra, lugar para a tristeza, esta sim que não tem fim?

Ela foi à igreja. Lá encontraria a cura dos seus males, certamente. Coincidentemente, o tema da celebração era a alegria. “Nós, os cristãos, devemos ser alegres”. E pela primeira vez não se sentiu cristã. Porque ela não tinha aquele semblante pujante de quem encontrou os braços do Senhor. Sentia-se menor por isso. “A busca da alegria é a busca de Deus, disse Santo Agostinho” e, enquanto o padre falava, ela parou para pensar de que forma buscava Deus, se o buscava e por que não encontrava a alegria que vem com Ele. “Eu sou triste e acho que sempre será assim”, um amigo lhe confidenciou. “É isso que os existencialistas chamam de angústia”, disse a ela. Não, ela haveria de renegar esse triste e pobre destino! Não queria passar a vida toda desassossegada, sabendo que algo está por lhe faltar. “E alguma coisa a gente tem que amar. Mas o que, não sei mais”, o músico cantava. E isso que não se sabe que nome tem, quando falta dá lugar a outro sentimento, também sem nome, o da falta de. Seria angústia, companheira pelo resto dos dias? Seria tristeza, afinal? Não conseguia dar bom dia à tristeza, como Vinícius. Mas sentia a tristeza como quem a carrega no ombro, como um papagaio de pirata.

Ela pensou se vagaria sempre assim. Solitária, porque não acreditava em amor para a vida toda, inquieta, porque o saber a lembrava que era ignorante de muitas outras coisas, medrosa, porque sabia do porto, mas o porto não a sabia. “Barco sem porto. Sem rumo, sem vela”. À flor da pele.
“A alegria está no Senhor no meio de nós”, o padre continuava, quase no fim do sermão. Onde encontrá-los? Sabia-se triste, mas não sabia o motivo, não sabia como contornar a tristeza que chovia por dentro, anoitecendo a alma. Sentia medo de ser acompanhada pela sombra que agora lhe afligia pelo restante dos dias. Tinha medo de habitar a cidade fria e escura pelo restante dos dias. Tinha medo de começar os dias, sempre tão iguais, pelo restante dos dias. “Do que você tem medo, afinal? Não seria de você mesma?” Talvez, ela respondia à amiga.

Mas era tão inofensiva, que não poderia meter medo à coisa alguma. Carregava em si não a beleza, mas qualquer coisa de triste, qualquer coisa de saudade, qualquer coisa de coisa nenhuma. Não dizia sim a nenhuma causa, porque isso implicaria dizer não a inúmeras outras coisas. Essas totalmente dispensáveis e sem a pá de moinho que move os corações. E na solidão dos dias, no sermão, nas conversas, não chegou à conclusão nenhuma. Talvez porque as respostas não poderiam ser encontradas quando a dor, no fundo, esconde uma pontinha de prazer.

Beatriz, triste, pra não rimar.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Eu que não rezo fui à missa

"Só aceito jesus se ele deixar scrap..."

Como as coisas se tornam, de certa maneira, engraçadas à medida que conseguimos apreender alguns códigos negociáveis para tornar a convivência humana mais agradável e madura.

Há mais de sete anos que deixei de ir à igreja, assistir missas. Minha formação católica levou-me, desde muito cedo, aos sermões do evangelho e ao aprendizado dos mandamentos, através da catequese.

Mas, no decorrer do caminho, isso passou a ser desnecessário em minha vida e à partir do momento em que fui aprofundando minha formação em várias dimensões, mas principalmente na política, a religião, definitivamente, saltou para bem longe de mim – graças a deus que não existe.

Na verdade, se olhar mais a fundo, a influência veio de dentro de casa mesmo. Meu pai só pisava na igreja em ocasiões especiais como comunhão e crisma das filhas mais velhas e o batizado de sua caçula, que, para o desespero de minha mãe, foi realizado numa salinha escondida, bem longe do altar onde repousava seu cristo.

Lembro-me vagamente do dia, mas, pelos retratos e pelas lamentações da mãe, sei que meu pai tinha tomado umas e outras no bar do cunhado antes do ato religioso. Hoje, passados os anos, rimos muito do ocorrido, mas não deve ter sido - nem de longe - um bom momento na vida matrimonial.

Minhas irmãs seguiram o mesmo caminho. A mais velha diz que acredita, mas à missa não vai. A caçula, com uma convicção espantosa, diz que só irá quando o pai for, para tristeza de minha mãe que acabou se acostumando em fazer suas novenas antes de dormir.

Ontem, eu fui à missa acompanhada de minha nova família. Eu que não rezo, ouvi três leituras do evangelho, passando pelos comentários, preces e... contei os minutos para que o amém final fosse dito pelo sacerdote.

Depois da cerimônia, caso acreditasse na existência de pecados, teria que rezar um terço inteiro, porque “ai de mim” se deus soubesse que pensamentos passavam pela minha cabeça quando acompanhava a ladainha do pai nosso. Se isso acontecesse, acho que o senhor seu diabo estaria me esperando logo na saída da igreja.

No limite, nada como um esforço ou outro para manter a boa convivência, porque não tinha como negar a ida para uma nova mãe, um novo pai e uma nova irmã. Mas isso é só no início – espero que não se acostumem mal.

Aliás, no final das contas me saí muito bem na fita, porque minha mãe – a verdadeira – ficou incrivelmente feliz com a notícia e até pediu pra eu agradecer meu novo emprego. Agradeci nada! Se devo a alguém essa realização, é a um advogado – que mesmo em caso de ser do diabo – é muito bom!!


Ass. Carolina (6)

domingo, 7 de dezembro de 2008

“She said bye bye”

Fazia frio em pleno mês de dezembro. Ela caminhava pelas ruas de uma cidade estranha sob um sol pouco agradável. Observou algumas pessoas pelo caminho, mas estava com o pensamento longe. Não queria ter dito um adeus, muito menos o “até mais”, expressão que deixava uma lacuna ainda maior no tempo já confuso.

Eram tempos em que há anos não se registrava, nos sóis de dezembro, um vento frio batendo, embora um pouco fraco, cortante. Mas isso já não incomodava ela, que continuava lembrando da hora em que não queria ter partido, mesmo sabendo que a saída poderia render boas chegadas.

O motivo do desconforto se aprofundava com a presença de um velho acompanhante que cochichava ao seu ouvido. Algumas vezes ele sumia, mas voltava a aparecer. Era um velho rabugento que, de certo, não havia tido a vida esperada e tentava alertá-la para os detalhes que passavam e que poderiam fazer a diferença. O velho vestia uma sobrecasaca escura e um chapéu do mesmo tom. Dizia que os momentos simplesmente passavam. “Coisa mais óbvia”, pensava ela dando de ombros.

Sabia que era coisa que todo mundo já tinha conhecimento, mas, contraditoriamente, tinha a certeza de que somente algumas pessoas governavam bem o fato. E, assim, o que ela – cansada de subir aquele morro interminável da rua desconhecida – não tirava da cabeça era um daqueles acontecimentos do acaso, que nos últimos dias tinha reacendido um sentimento gostoso de saborear.

Ele era o motivo do sabor gostoso e do acaso da vida. De alguma forma esse sujeito marcava a memória dela com lembranças de uma companhia que lhe completava, naquelas horas compartilhadas.

O conheceu há algum tempo atrás, quando pouco sabia da vida e se deixava levar pelos impulsos incontroláveis de uma idade boba. Depois, por motivos diversos, tinha saído de seus dias e deixado algumas marcas, agradáveis – na maioria delas. Lembrava disso tudo num daqueles filmes que passam seguidamente pela cabeça.

Depois, vencida a ladeira, chegou numa parte plana da rua e viu que aquele velho rabugento tinha razão, contudo, sabia que os bons momentos não ficavam presos em si, eles também escapavam por entre os dedos. Melancólica, lamentou, pois teve que dizer um “até mais” ressentido, não poderia pedir pra ele ficar em sua vida da forma que queria.

Assim, continuou a caminhar, se aproximando cada vez mais da nova casa e com medo de perdê-lo de vista novamente, porque sabia que, mesmo sem querer, o tempo continuaria a desafiar a vida, não só naquele momento. O velho continuou resmungando pra ela, em vão, uma vez que não sabia o que fazer para não acontecer o que já estava a caminho. Entrou, fechou a porta e foi lavar o rosto. No espelho, viu que, mesmo com o frio, o sol lhe tinha queimado.

Carolina e... só.

ps. Helena, APAREÇAA!!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

De mãos desatadas

"João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história" (Quadrilha, Carlos Drummond de Andrade)

Sinto-me como em uma quadrilha, à la Drummond
Mas embora sobrem-me pares
Não estou de mãos dadas com ninguém

Otávio não amava Beatriz, porque amar é uma palavra muito forte
Era algo bacana, mas passava longe de se apaixonar.

Beatriz amava Hugo. Será?
Talvez porque ele é o único com o qual ela não poderia ficar.

Mas pensando bem, Beatriz sabia que Ernesto era o cara certo para namorar.
Pena que ele morava lá em Belém do Pará.

Talvez eu tenha vocação para Maria, a que ficou para tia, ou para Teresa, a do convento.
Ou quem sabe seja como outra Teresa, a "inha" de Jesus.
E de tão atrapalhada não soube a quem dar a mão e acabei abanando-a.

Dei adeus, a cada um mandei um abraço, piquei mula.
Talvez eu não faça parte da ciranda de pedra que é amar.

Da louca (ainda), Beatriz