quarta-feira, 30 de julho de 2008

Certezas

Eu tenho poucas certezas na vida e hoje eu descobri uma delas. Apesar do desespero, da insatisfação com muita coisa, dos sonhos que de alguma forma parecem interrompidos e da tristeza que tem me acompanhado nos últimos dias, eu sei qual a profissão que eu quero seguir. Estou no caminho. Eu amo as minhas letras e não as deles! É preciso explicar, então vamos lá.

Hoje acompanhei uma equipe de reportagem num trabalho para um jornal. Matéria especial, daquelas que só eu sei o quanto gosto de escrever. Daquelas que você conhece o personagem e se apaixona por sua história. Nestes casos, por mais longo que seja o texto e mesmo que receba elogios sobre quão completo ele está, haverá sempre a sensação de que muita coisa foi deixada de fora. Há uma certa tristeza em publicar, pois parece que a história não deveria terminar assim. E eu estava ali, mas não era a repórter. Era apenas a assessora.

E quando vi tudo isso percebi que estava segurando o choro, que são estes sentimentos que estão faltando na minha vida. Tomei consciência de que eu quero e talvez muito mais do que querer, eu preciso voltar a sentir tudo isso. Hoje e só hoje eu compreendo as falas de grandes profissionais, quando dizem que o amor é fundamental.

No final de tudo, não bastasse todo este sentimento, fui tentar por a casa em ordem, pois passei o dia todo 'borboleteando' por aí. Dentre as atribuições, precisava fixar alguns avisos nas salas de aula. Até que um amigo (e ele vai saber que foi ele e não deve se sentir culpado por isso) me disse algo mais ou menos assim: "Eu, quando fizer jornalismo, vou me dedicar para ir além de pregar cartazes". Foi uma brincadeira bem humorada e eu ri. Mas isso me faz ter mais uma certeza, eu sou maior do que isso. Eu sei fazer mais do que isso.

Não quero que o blog vire um espaço de lamentação. Ele também é maior que isso. Mas hoje eu precisava... E quero também ouvir, quais são as suas certezas?

Helena (Não estou azeda, mas um tanto amarga...)

PS: Carolina, por favor, sente aí e escreva alguma coisa e, se possível, mude de assunto.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Desabafo jornalístico

Li um conselho para jovens jornalistas: trabalhe mais do que o horário estipulado, sujeite-se a ganhar pouco, azucrine todos no meio para entrar no mercado. Profissão árdua essa. Trabalha-se muito, sem reconhecimento. Ganha-se pouco. Expectativa de aumento? Pfff, quase nula. Seu trabalho é submetido a crivos nada críveis. Censores, geralmente muito censores e pouco jornalistas.
Penso isso enquanto estou sentada, esperando para fechar um trabalho. Um trabalho no qual acredito, tenho que acreditar. Sentada nas escadas de uma tevê esquecida. Com cheiro e gosto de poeira na boca, depois de ter me embrenhado no mato para coletar imagens. Imagens não muito boas, sofridas.
Jornalista tem que amar, ter raça, vontade de pegar no batente. Jornalista não nasceu para ser empreendedor, se o fosse, deixaria de ser jornalista - diz a outra parte do texto que li.
E por que amar essa profissão se está cada vez mais difícil atingir estabilidade, ganhar dinheiro, crescer? Ou será que é fácil, mas ainda não encontrei a fórmula? Reúno três péssimas características para alguém que pretende subir na vida a passos largos. Sou mulher, sou jornalista e nunca precisei trabalhar para sobreviver. Só me resta a vontade de ser, fazer e crescer.
Nossa geração é acomodada, por acreditar que sentar a bunda em cadeira universitária por 4 anos seja o suficiente. Não. É preciso aprender com as gerações anteriores, pais e avós. Eles tinham, parece-me, mais necessidade e até mais criatividade. Sobrou-nos a vontade, que ora me escapa ante o desânimo e as dificuldades.

Beatriz, azeda.